Neste parágrafo há a afirmação do Bem. O bem como objetivo, como fazer, como expectativa; estar no Bem. O que é o Bem? Por quê, por exemplo, segundo Plotino o Uno gera as Autoconsciências para o Bem?
A concepção do Bem deve ser analisada. O que é o Bem como Absoluto? É o proceder do Uno pela própria inconsciência para a construção da Consciência. O Bem é a atividade de expansão do Discernimento no inconsciente. Independentemente de como isto acontece, o Bem é esta tendência à expansão.
Por outro lado, dizemos que é Mal tudo o que impede a expansão desse discernimento, ou limita-o para perturbá-lo. O conceito de independência e liberdade, que Plotino usa, fazendo-a com referência à Inteligência é limitativo. Por Inteligência referimo-nos ao nous, isto é à capacidade de um sujeito em projetar, pensar, elaborar, compreender o seu próprio fim e o seu próprio escopo; em síntese a capacidade para construir as suas estratégias de existência, individuais, partindo da constatação em reconhecer a si mesmo dentro da objetividade na qual vive.
Plotino nos fala também do Bem supremo. Portanto, de supremo existem as finalidades às quais o bem propende, mas não existe alguém que considere o alcance dessas finalidades, e apenas e tão-somente dessas finalidades, o Bem.
O que significa? Significa que existem as tensões de NECESSIDADE que se expressam no Uno, mas não necessariamente as mesmas tensões de NECESSIDADE, manifestadas no Uno, são as que se irradiam em todos os Seres.
Se a NECESSIDADE para a expansão é exclusiva de cada Autoconsciência, que se transforma no âmbito do inconsciente da Energia da Vida, ao ponto de discernimento dessa Autoconsciência reconhecer, a si própria, como diferente de tudo o que a rodeia, então o Bem se torna o proceder ao longo do caminho que a NECESSIDADE projeta. Não necessariamente o caminho traçado pela NECESSIDADE pode ser reproduzido por cada um dos outros Seres, na objetividade em que agem, aqui o paradoxo fantástico, a incoerência de Plotino que continua afirmando:
"Mas uma natureza simples, uma força unitária, que não faça parte no ato e nem uma parte em potencial, como não seria livre? Quanto a essa não se pode dizer, nem ao menos, que aja segundo a sua natureza, como se ser e atividade caminhassem diversamente, do momento que lá em cima, ser e atividade, são uma coisa só!"
Não especificamente lá em cima, porque cada Ser que reconhece a si mesmo como sendo diferente do mundo que o rodeia, executa ações para se expandir. Não se trata do problema de que estas ações são relativas ao próprio movimento, à satisfação dos desejos individuais, à dilatação própria, ou à geração de outros Seres da própria espécie. Não existe uma inteligência que não opere de acordo com o Bem, entendido como força de expansão do próprio sujeito, mas existe uma objetividade que impede um sujeito de realizar de acordo com o Bem.
No mundo, não somente o que diz respeito ao inteligível, ao compreensível, mas inclusive em cada fragmento do universo consciente de si mesmo, a força do movimento constitui àquelas que respondem às solicitações que, dentro de cada Ser, impulsionam-no em direção à expansão. Se o compreensível é individuado como sendo a capacidade do sujeito para responder a essas forças e para organizar-se, consequentemente podemos concordar, mas se a diferenciação, duvidosa, é a de uma divisão a priori da identificação do sujeito que enfatiza e implora ao universo para adequar-se à sua inteligência, isto me deixa estarrecido. É inaceitável. Isso significa reconhecerem-se como elementos centrais do universo, e consequentemente não reconhecerem todas as forças do universo que não se igualam; com efeito, exatamente enquanto o universo inteiro responde às Suas próprias solicitações, e à cada tensão interna dos sujeitos, é um complexo que o leva a modificar-se e a dilatar-se na objetividade na qual os sujeitos vieram a ser.
Para afirmar que ser e atividade são a mesma coisa devemos afirmar que cada Ente, que se torna Autoconsciente, executa as estratégias para responder às suas próprias demandas. A execução dessas estratégias constituem uma atividade própria, e são artifícios que expandem a Autoconsciência e a projetam no infinito.
N.B. As citações de Plotino são extraídas da tradução de Giuseppe Faggian - ed. Bompiani!
Escrito em Marghera, aos 23 de julho de 2001
A tradução foi publicada 17.01.2018
Aqui você pode encontrar a versão original em italiano
Claudio Simeoni Mecânico Aprendiz Stregone Guardião do Anticristo e-mail: claudiosimeoni@libero.it |
A ideologia neoplatônica é a mãe ideológica do cristianismo. O pai ideológico é o hebraísmo. O cristianismo não nasceu das "pregações de Jesus", mas de uma elaboração ideológica dos neoplatônicos para pôr fim à corrente messiânica e apocalíptica, que estava colocando em risco a sociedade romana. Como frequentemente tem acontecido, tal remédio pode ser mais destruidor do que o próprio mal.